De dentro para fora do escritório: ícone do networking, Martha Leonardis fala sobre carreira, maternidade e outra arte que domina, a de se reinventar
É justo dizer que qualquer conversa com Martha Leonardis rende lições valiosas e novas perspectivas. Se para alguns ela é sinônimo de networking, já que foi com a ajuda da “arte de se relacionar“ — nome de seu podcast — que construiu o próprio império; há também quem a admire por sua capacidade única de se reinventar e se tornar mestra em qualquer coisa que se propõe a fazer.
Advogada de formação, Martha entendeu desde cedo a importância de manter uma rede de contatos. E foi assim que, aos 28 anos, depois de quase uma década trabalhando na área, decidiu mergulhar de cabeça em outra paixão: o mercado financeiro. Destemida e movida por uma ambição ímpar, a executiva utilizou suas conexões para conquistar um espaço no BTG Pactual, uma das maiores empresas de capital aberto do mundo. Foi uma trajetória de mais de dez anos que teve início na equipe comercial da companhia e se estendeu até a conquista da sociedade. Mas para alguém como Martha, que faz dos desafios combustível, reajustar a rota serve de trampolim para galgar objetivos mais frescos e alinhados aos seus novos propósitos.
Em conversa com a Lifestyle Mag, ela reflete sobre os caminhos da própria carreira, os desafios que encontrou ao ocupar ambientes ainda muito masculinizados e abre sua rotina em meio à nova fase à frente de seu negócio de networking e internacionalização de empresas.
“Para mim, rotina é o segredo do sucesso. Manter a disciplina por meio de um schedule regrado te levará para qualquer lugar e rumo aos objetivos que deseja alcançar. A sua imagem é o seu cartão de visitas. Assim, é necessário cuidar de si e trabalhar a imagem que te representa”.
LM: A carreira sempre foi sua prioridade? O que você almejava antes de entrar no mercado de trabalho?
ML: Sempre. Desde nova fui focada na minha carreira. Trabalho desde os 16 anos e me sustento desde os 18. Queria ter independência financeira e, portanto, corri atrás disso. Tenho uma força de trabalho enorme e meu foco sempre foi relacionamento e conexões.
LM: Como foi a decisão de mudar de carreira? Você se via passando por essa fase?
ML: A mudança de carreira não é começar do zero. Mudar de carreira é uma evolução de quem você é alinhado com o que está fazendo. Costumo dizer que não somos uma única pessoa a vida inteira.
LM: Quais foram os maiores desafios que enfrentou nesse processo?
ML: No início enfrentei preconceito das outras pessoas porque não havia histórico, tinha pouca idade e, por isso, precisava me provar o tempo todo. Com o passar dos anos e com a constância você vai construindo uma narrativa e uma bagagem que ajuda no crescimento.
LM: Que conselhos você daria para quem deseja seguir o mesmo caminho?
ML: Estar preparado, construir uma carreira de trabalho, credibilidade e ter transparência. Tudo isso é fundamental para a trajetória de um profissional a longo prazo. Além disso, mantenha seus relacionamentos próximos. Você nunca sabe quando será o momento de acessar e se conectar com as pessoas – por isso, mantenha aquelas que acha interessante no seu círculo próximo.
LM: O mercado financeiro ainda é percebido como um ambiente masculinizado. Como é, para você, ser mulher nesse contexto?
ML: Sou de uma família com dois irmãos mais velhos e trabalho desde muito nova. Então, estou acostumada. Inclusive, já tentei me masculinizar muitas vezes como uma forma de me sentir mais aceita. Hoje trago o feminino sem nenhum problema porque tenho segurança de quem sou e do que tenho para falar. Aqui fica uma dica para as mulheres de fato criarem uma rede de apoio que seja genuína, pois os meus maiores problemas com rejeição e críticas partiram, na verdade, de outras mulheres.
LM: Hoje, em uma posição de liderança, como você busca apoiar a carreira de outras mulheres? Isso tem um significado especial para você?
ML: Comecei a falar e gerar conteúdo para inspirar e motivar as mulheres. Vejo que é uma maneira delas verem que, sim, elas podem ocupar os lugares que quiserem. Temos mais obstáculos do que os homens porque temos mais resistência mas é possível chegar lá.
LM: Você e seu marido trabalharam muito tempo juntos no BTG Pactual. Como funcionava essa dinâmica?
ML: Nos conhecemos dentro do ambiente de trabalho e estamos juntos há 13 anos. Acredito que tudo aquilo que é combinado em um relacionamento funciona. Mas agora que saí do banco e abri o meu próprio negócio de networking e internacionalização de empresas brasileiras, estamos redescobrindo nossa relação sem o tema trabalho.
LM: Como você resumiria a arte do networking em poucas palavras?
ML: Networking é uma relação entre duas pessoas onde o interesse das duas é endereçado. A relação precisa ter equilíbrio. Uma rede de networking de sucesso é aquela que trabalha para você, ou seja, te conecta com outras pessoas e fala bem de você ou da sua marca. Não tem nada a ver com a quantidade e, sim, com a qualidade das relações que cria e cultiva.
LM: Adoramos o seu estilo. Como você incorpora beleza e autocuidado em uma rotina business e atribulada?
ML: Para mim, rotina é o segredo do sucesso. Manter a disciplina por meio de um schedule regrado te levará para qualquer lugar e rumo aos objetivos que deseja alcançar. A sua imagem é o seu cartão de visitas. Assim, é necessário cuidar de si e trabalhar a imagem que te representa.
LM: Quem é Martha fora do universo das finanças e do networking?
ML: Tenho alegria de viver. Sou generosa com as pessoas que conheço e amo a vida, as pessoas e também viajar.
LM: Como seria passar um dia com Martha Leonardis? Pode descrever sua rotina?
ML: Todos os dias de manhã quando acordo, minha primeira atividade é brincar com a Gaia, minha cachorrinha linda da raça pomsky e de apenas sete meses. Depois treino e vou ao trabalho. Costumo fazer drenagem e ir ao salão de beleza duas vezes por semana. No carro, tenho o hábito de escutar podcasts de notícias como Financial Times e Estadão. Pronto. Depois disso já me sinto desperta e pronta para começar o dia. Além disso, sempre marco também dois almoços por semana de networking e dois eventos por mês. Networking não é obra do acaso.
LM: Você mencionou sua escolha sobre a maternidade em algumas entrevistas. Como foi esse momento?
ML: Tive dificuldade de ter filhos. Aos 36 estava extremamente estressada, vivendo uma rotina maluca e não dei prioridade para isso. Por volta dessa época também tentei congelar os meus óvulos e não tive muito sucesso. Me lembro de tomar as injeções entre um evento e outro durante o World Economic Forum em Davos. Até que, no ano passado, tomei coragem de refazer o processo. Dessa vez o resultado foi bem melhor, mas o futuro a Deus pertence.
LM: Compartilhe algo sobre você que ninguém sabe.
ML: Sou extremamente carinhosa, mas a vida de trabalho, por vezes, pode me deixar parecendo um porco espinho. Mesmo assim, brinco que depois de enfrentar os primeiros cinco minutos da minha cara séria, sou 100% amor.
LM: Quem foram as pessoas que mais te inspiraram ao longo da sua trajetória?
ML: Tiveram algumas pessoas ao longo da vida, mas em geral me inspiro muito na Michelle Obama. Justamente porque ela mapeou o que queria para a vida dela e não se tornou coadjuvante em nenhum momento. Ela sempre criou seu próprio caminho independentemente de quem fosse o seu marido.
LM: Há algo que você ainda gostaria de conquistar, tanto na carreira quanto na vida pessoal?
ML: Na minha carreira? Sucesso (risos). Falando sério, quero ser a maior e melhor empresa de networking do mundo.
LM: Por fim, quais conselhos você daria para quem está começando no mercado de trabalho?
ML: Três pilares: constância, resiliência e muito trabalho.
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Photographer: Ester Mendes
Creative Director: Carol Oliveira
Director Coordinator: Maria Eliza Fuganti
Content: Giulianna Lombardi